Tu que vives como um pariá
ao Deus-dará
Na solidão
Tu que passas na multidão
Curvado como um lazarento
Entre vultos que vêm e vão
E ferem teu corpo chaguento.
Estás doente
Tu que passas na multidão
Curvado como um lazarento
Entre vultos que vêm e vão
E ferem teu corpo chaguento.
Estás doente
Tão doente
Que lepra come a tua mente?
Que devora o teu corpo lasso,
Que chupa o teu rosto nojento,
Que corrói o teu pensamento
Que se esfarela lentamente
À tua frente
a cada passo?
À tua volta, as multidões,
Ferem-te com seus encontrões
Que chupa o teu rosto nojento,
Que corrói o teu pensamento
Que se esfarela lentamente
À tua frente
a cada passo?
À tua volta, as multidões,
Ferem-te com seus encontrões
Avanças com o corpo torto
cheio de lesões
Tens de seguir o teu caminho
Na multidão que vai e vem.
Lázaro triste, vulto mansinho,
Andas nas ruas sem destino,
Ninguém te vê.
Tens de seguir o teu caminho
Na multidão que vai e vem.
Lázaro triste, vulto mansinho,
Andas nas ruas sem destino,
Ninguém te vê.
Não és ninguém.
Para onde vais não sabes bem.
Regressas para donde vens.
Tentas voltar para o teu prédio,
Sobes para a tua mansarda,
São quatro paredes de tédio,
Tentas voltar para o teu prédio,
Sobes para a tua mansarda,
São quatro paredes de tédio,
Queres dormir, a noite tarda,
A noite vinda não dormes nada.
A noite vinda não dormes nada.
Lázaro triste, vulto medonho,
Mais uma noite sem um sonho,
Mais uma noite angustiada
Em que não dormes nada,
As noites cheias de obsessões
Mais uma noite angustiada
Em que não dormes nada,
As noites cheias de obsessões
Dos dias cheios de opressões
desilusões.
As madrugadas sempre tristes
Em que já não sabes se existes.
Fechado na tua mansarda,
Como numa leprosaria,
Vais à janela, esperas o dia
Para viver, o dia tarda.
As madrugadas sempre tristes
Em que já não sabes se existes.
Fechado na tua mansarda,
Como numa leprosaria,
Vais à janela, esperas o dia
Para viver, o dia tarda.
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