Gostas de escrever nas margens dos livros nas margens das folhas escritas das proprias cartas que escreves às pessoas caras tu es das margens nunca estiveste no centro nunca tiveste lugar no centro das coisas e das atencoes so das tensões
desenhas o teu reflexo com palavras e vês o teu reflexo aparecer ao longo das linhas que teces linha apos linha malha apos malha e no fim encobres o vazio do teu ser com um tecido de palavras
o mundo para ti é um espelho quebrado cada palavra e um espelho onde avistas uma faceta de ti mesmo escreves quebrando as palavras para quebrar o teu reflexo e reescreves o mesmo texto para recriar o que es no teu espelho vivo de palavras
queres ser diferente dos outros e de ti mesmo queres ser outro porque sentes que es mais que isto
num livro por escrever gostas de te ver aparecer vives no teu espelho de palavras nao no mundo queres ser mais que es queres na folha branca com palavras ver outro eu queres ser a beleza que nao es e crias tens tantas palavras palavras para te ver
as palavras são como outro corpo para um morto da vida as palavras estão mais vivas que tu são elas que te escrevem devem-te a vida que te dão escrevem-te e tu descobres o teu reflexo dao-te vida vês que es o que es es no teu livro
no encruzamento do dado da língua e do que es es o teu livro deste-lhe forma dás-lhe outro nome e o teu nome é o teu pai e o teu filho na tua folha de papel o teu livro está livre de ti agora deixou de ser o prolongamento vivo do teu ser morto
agora é outro entre as maos dos outros e tu voltas a ser nada sem ele e a ter de recomecar a escrever o teu reflexo noutro livro para nao ser morto
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