A noite está dobrada a meio
e a dobra é tua dor
No teu relógio o mostrador
é branco como a tua noite
e negro como lua cheia
Há duas horas que o ponteiro
Indica meia-noite
No fim da noite há uma núvem no céu
com uma forma de cavalo
que segue uma cometa a trote.
Tentas bater-lhe com um chicote,
Esse cavalo, quando se empina,
Faz-te cair de sono. A noite é pequenina,
tão pequenina
quando não dormes.
Abres os teus olhos enormes
que são os olhos do destino
Ficas à janela calado
frente à cidade adormecida
à espera da madrugada.
à espera da tua vida.
No teu relógio avariado
O tempo está parado.
Há uma silueta curvada que coxeia
Na rua e passa à frente da tua janela
Olha para ti, olhas para ela.
Pensas que é um velho. Não é um velho.
É só o reflexo do teu rosto feio
No vidro negro da janela.
De que é feita a nossa vida que passa
de horas perdidas e remorsos
E insónias e cansaço
E de esforços, tantos esforços
feitos para nada, e de fracassos.
No teu relógio avariado
o tempo está parado
Aucun commentaire:
Enregistrer un commentaire